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Ponderações e Convite aos alunos de Sistemas Inteligentes em 2018.3

Caros alunos, eu começo este texto agradecendo-lhes pela participação e pelos esforços ao longo de todo o tão corrido quadrimestre de 2018.3, ainda mais por ser uma época com tantos feriados, datas comemorativas, eventos culturais e acadêmicos, além do já tradicional frenesi enfrentado por todo e qualquer indivíduo pertencente aos corpos discente ou docente de nossa Universidade.

Ofereço cumprimentos extras aos vários alunos que mostraram uma notória evolução ao longo das atividades que elaboramos. Tenho plena consciência de que não foi fácil ter cursado esta disciplina, inclusive pelo fato de que boa parte de vocês jamais teve qualquer contato com conteúdos de Inteligência Computacional, exceto quanto ao que tange meramente o uso de soluções já prontas e projetadas por outrem.

Quando eu fui aluno do curso de Engenharia de Informação pela graduação da UFABC, eu cometi vários dos mesmos erros que estou prestes a apontar e criticar (com objetivos exclusivamente construtivos) aqui. E, mesmo tendo eu mesmo cometido vários desses erros, julgo como importante essa transmissão de informação porque isso fora feito comigo por outras pessoas e eu acredito que foram conversas como aquelas que me ajudaram a evoluir, inclusive fora do ambiente acadêmico.

Um dos pontos que aqui será exposto é uma grande obviedade — nem sempre muito bem aceita, ou mesmo lembrada —, que é a de que os professores não têm conhecimento absoluto sobre tudo. Não há como ter plena consciência sobre todas as questões. Ainda que se trate de uma obviedade, muitos de nós agimos de modos que nos levam a crer que trata-se de algo facilmente esquecido por todos. Digo-lhes isto por um motivo muito importante: o processo de ensino-aprendizagem depende de uma boa comunicação entre todos os envolvidos. Sem que os alunos dialoguem com os professores, o processo corre o risco de se tornar “cego” quanto a algumas questões importantes. Mesmo assim, praticamente não houve diálogo.

Assim que as aulas teóricas eram encerradas, quase todos os alunos rapidamente se retiravam da sala, mesmo quando as aulas acabavam bem mais cedo; eram pouquíssimos os que permaneciam para tirar alguma dúvida. Minha caixa de e-mails permaneceu quase vazia de dúvidas. Para não ser injusto, dois alunos enviaram e-mails para tirar dúvidas sobre conteúdos da disciplina; porém, cabe lembrar aqui que estamos falando de uma turma com cerca de 50 alunos. Durante os atendimentos presenciais, que alguns conhecem como “monitoria”, apenas um único aluno veio até mim durante todo o quadrimestre, mas sequer havia sido para tirar dúvidas, dado que a intenção era apenas a de pedir para adiar o prazo de uma atividade.

Exceto por uma das atividades, eu procurei fornecer pelo TIDIA um conjunto de comentários como Feedback em todas as correções que fiz. Mesmo após tantas atividades, nenhum aluno enviou um e-mail, tampouco compareceu à monitoria durante todo o quadrimestre. Até mesmo quando as notas eram baixas os alunos não apareciam. Cheguei a pensar que os comentários não estavam chegando aos alunos, mas eu confirmei que estavam chegando, sim, imediatamente após a suspeita. Perguntei a alguns dos alunos se eles se sentiam intimidados, mas a resposta obtida foi que não.

Por um tempo eu fiquei conformado com a ideia de que os alunos poderiam estar em uma enorme correria por conta de estágio, ou por morarem muito longe do campus universitário, ou mesmo por estarem cursando algo como 30 créditos no quadrimestre. O ponto é que eu acabei me iludindo com essa ideia porque, afinal de contas, eu conhecia cerca de 10 a 15 pessoas que estavam cursando a disciplina e, portanto, sabia que várias delas não trabalhavam (nem estagiavam), não faziam IC, não moravam tão longe assim — se é que moravam longe — e até havia quem estivesse cursando apenas três disciplinas no quadrimestre.

Mas eu gosto de lembrar do que dizia um professor meu na graduação:

O que vocês fazem da porta da sala para fora é problema de vocês, assim como o que eu faço da porta da sala para fora é problema meu.

Essa frase, se não for muito bem contextualizada, pode ser erroneamente interpretada como se o professor não se importasse realmente com os alunos, ou — pior ainda — como se o professor fizesse algo ilícito, imoral ou inconveniente para além da sala de aula, o que dificilmente seria o caso. Salvo engano, esse professor apenas estava tentando dizer que a vida que cada um escolhe viver é problema de cada um que tiver feito essas tais escolhas.

Contudo, feliz ou infelizmente, eu não consigo apenas me limitar àquilo que eu vejo na sala de aula, pois sinto que poderia ajudar os alunos de outras formas. Em alguns casos, a ajuda por fora da sala de aula pode chegar a ser muito mais significativa. Inclusive, eu penso que alguns tipos de ajuda que eu poderia pelo menos tentar oferecer poderiam resultar em benefícios até mesmo no que diz respeito ao desempenho do aluno para muito além da sala de aula. Assim sendo, desde que o próprio aluno aceite a oferta de ajuda, eu gostaria de me oferecer para atuar como uma espécie de tutor, guia, conselheiro ou algo do tipo.

É claro que tivemos excelentes alunos. Alguns ali não precisariam de um acompanhamento próximo; talvez, apenas de alguém que eventualmente se certificasse de que tudo está fluindo como deveria, mas nada muito além disso. No caso desses alunos, talvez poderia ser até pior se houvesse alguém “em cima” o tempo todo, dado que eles próprios já conseguem seguir um caminho muito bom na Universidade. Para esses, o ponto talvez seja o de algo mais próximo a uma orientação para estágio, IC ou, futuramente, pós-graduação.

Quanto aos demais, que são os que mais precisam de algum tipo de ajuda, posso dizer que percebi algumas dificuldades comuns entre quase todos desse grupo em questão. Confiram algumas a seguir:

Lembrem-se do que eu havia dito anteriormente, pessoal: eu mesmo já cometi vários dos erros que acabo de listar. Não entendam mal o que estou expondo aqui. A ideia não é a de “apontar” e “falar mal”. O que almejo com isso é simplesmente colaborar para que os alunos recebam esse Feedback para que reflitam a respeito disso e avaliem se concordam com isso e, se for o caso, concluam se devem procurar resolver esses problemas ou não. Àqueles que pensarem algo como “de fato, eu sofro com alguns desses problemas”: se quiserem minha ajuda, saibam que, respeitadas as minhas limitações, vocês a terão.

Assim, tornando ainda mais explícito o que estou tentando dizer, se você estiver interessado em buscar ajuda para melhorar sua escrita, melhorar suas apresentações, melhorar a qualidade de seus trabalhos (acadêmicos ou não), ou se simplesmente gostaria de conversar sobre qualquer outro tópico comigo, sinta-se à vontade para me procurar, independentemente de ser por e-mail ([email protected]), Facebook, Whatsapp, ou até pessoalmente, que é a minha preferência enquanto eu estiver pelos arredores do Campus.

Muito obrigado a todos os que colaboraram com todo o processo ao longo do quadrimestre! Espero que tenham gostado da experiência e conto com vocês para também fornecerem a mim um Feedback, assim eu posso ter mais informações que podem me ajudar a melhorar como professor futuramente.

Agora, aproveitando a época, deixo-lhes os meus desejos de um Feliz Natal e um próspero ano novo.

Abração!