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Sugestões para um bom Trabalho de Graduação em Engenharia

Imagino que todos aqui já saibam que, ao menos por enquanto, parte das exigências para se concluir uma graduação em algum curso de engenharia é a entrega do que muitos conhecem como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que nos cursos de engenharia da Universidade Federal do ABC (UFABC) é conhecido como Trabalho de Graduação (TG).

O que é o TG?

Embora eu defenda a ideia de que o TG se trate de um trabalho que, a meu ver, merece uma atenção especial, eu decidi escrever este artigo com o intuito de acalmar os graduandos em relação ao que este trabalho significa e, portanto, em relação ao que se espera que os graduandos realizem. Não será neste único artigo que serão ensinadas as minúcias sobre cada uma das etapas que compõem um TG, mas aqui eu procurarei esclarecer algumas das dúvidas que vejo alguns colegas expondo, e também algumas que eu mesmo tive quando estava fazendo o meu TG.

Acredito que o primeiro de todos os pontos seja compreender o que significa este trabalho em questão. Quanto a isso, imagino que haverá divergências se tal ideia for discutida entre diferentes professores, mas a essência continuará sendo mais ou menos a mesma, que é o fato de se tratar de um trabalho que comprova que o graduando desenvolveu suficientemente bem um dado conjunto de conhecimentos trabalhados durante o curso.

O aluno não precisa comprovar que sabe de tudo, e seu trabalho não precisa estar completamente livre de erros para que seja bem avaliado. Basta que o tema seja coerente com as propostas do curso, e que tenha uma fundamentação teórica suficientemente bem elaborada, métodos claramente explicados, resultados adequadamente expostos, discussões condizentes com os resultados, conclusões corroboradas pelo que foi até então apresentado, e que o trabalho esteja acompanhado das devidas referências.

Vale lembrar que na UFABC o TG é dividido em 3 etapas, que são comumente chamadas de TG I, TG II e TG III, que devem ser cursadas nessa ordem — e esta observação é importante, pois, na UFABC, exceto por raros casos, as disciplinas não possuem pré-requisitos, o que faz com que não haja exatamente a obrigatoriedade de que uma ordem seja seguida para cursá-las, mas o TG é uma das exceções. Também é importante lembrar que, ao menos por enquanto, alguns cursos possuem uma exigência quanto ao coeficiente de progressão do curso específico (CPk), que pode ser interpretado como uma espécie de percentual de créditos exigidos que tenham sido cursados e aprovados para a conclusão do curso. No caso da Engenharia de Informação, por exemplo, exige-se que o aluno tenha concluído ao menos 70% do curso, i.e., o aluno precisa ter um CPk≥0.7 nesse curso específico para que seja considerado que está apto a se matricular no TG I. Para cursar o TG II, deve ter sido aprovado no TG I; e, para cursar o TG III, deve ter sido aprovado no TG II.

Eu também gosto de frisar aqui que o TG NÃO se trata de um projeto de pesquisa. Não é a mesma coisa que um relatório de IC, por exemplo, e definitivamente não é o mesmo que uma Dissertação de Mestrado ou uma Tese de Doutorado. Não se espera do aluno qualquer ineditismo, tampouco derivações matemáticas, ou demonstrações detalhadas. As duas palavras que gosto de utilizar para definir o que deve estar em um TG são: Análise e Síntese. Então, considerando-se a “roupagem” de um dado assunto escolhido pelo aluno e que seja relacionado ao curso, o aluno mostrará que consegue compreender os conceitos básicos e fundamentais daquele assunto em questão e que consegue desenvolver algo a partir de tais conhecimentos. Caso não funcione tão bem quanto se gostaria, tudo bem; o importante, mesmo, é o aluno conseguir compreender a essência do que tiver sido feito e, preferencialmente, conseguir avaliar o que talvez poderia ter sido feito para contornar tais problemas encontrados.

Relatório

O TG I geralmente é voltado para uma investigação mais teórica sobre o problema trabalhado. É com base principalmente no que se faz durante o TG I que são escritas as seções relacionadas à Introdução, aos Objetivos, à Justificativa, à Fundamentação Teórica e à Metodologia. O TG II é mais voltado para implementações, simulações, obtenção de resultados, análise de resultados e discussões. E o TG III costuma ser utilizado apenas para revisar o trabalho, fazer algumas correções pontuais que ficaram faltando e, se for o caso, elaborar uma apresentação para ser apresentada no dia da Defesa.

Ainda sobre o relatório (parte escrita), recomendo que seja feito em LaTeX (e, para isso, recomendo utilizar o Overleaf), e que contenha ao menos os seguintes elementos:

  1. Resumo: de cerca de meia página, seguido de algumas poucas palavras-chave que ajudem a identificar do que se trata o trabalho.
  2. Introdução: contendo uma breve revisão histórica (com referências) do que já foi feito por outros autores, objetivos a serem alcançados e justificativas que indiquem a importância do trabalho.
  3. Fundamentação Teórica: que pode estar dividida em diferentes capítulos ou seções, sem necessariamente utilizar o nome “Fundamentação Teórica” propriamente dito. O importante é que haja uma explicação lúcida sobre os principais conhecimentos a serem explorados no trabalho.
  4. Metodologia: apresentando a abordagem que será feita, as técnicas que serão utilizadas, e os passos seguidos, procurando explorar diagramas que facilitem a compreensão detalhada de cada etapa.
  5. Resultados: explicando quaisquer ambientes de simulação utilizados, bem como quaisquer implementações em Hardware ou Software. Então, exibindo cada um dos resultados, preferencialmente, já acompanhados de suas respectivas discussões, comentando sobre o que pode ser observado a partir de tais resultados e explicando os porquês de terem ocorrido de tal forma. Aqui também é interessante incluir sugestões para que melhorias sejam implementadas ou para que erros possam ser contornados.
  6. Conclusão: que faz uma espécie de “resumo da ópera” de todo o trabalho, levantando bastante brevemente os pontos principais do trabalho, sobretudo quanto aos resultados e às discussões, além de fazer considerações finais e, dependendo do caso, até mesmo incluindo possíveis caminhos a serem seguidos a partir de então.

Essa não é a única forma de se escrever um TG, e certamente há muitos pontos importantes a serem acrescentados para que isto possa ser considerado algo como um guia de TG, mas acredito que auxiliará quem estiver um pouco mais perdido em relação à parte escrita do trabalho. Incluo aqui, também, algumas dicas específicas extras que podem ajudar a melhorar ainda mais a qualidade do trabalho:

  1. Evite temas “batidos” demais, que são aqueles que quase sempre alguém tenta seguir. Não tenha medo de exercitar a sua criatividade na hora de propor um tema ao seu orientador. Apenas tente não exagerar na complexidade, pois você terá pouco tempo para desenvolver tudo.
  2. Tratando-se de engenharia, eu recomendo que algo da área de seu curso seja projetado e construído. Não há demérito em fazer um trabalho apenas com base em simulações, mas trabalhos que incluam o projeto e a construção de algo que sintetize seus conhecimentos na área é muitíssimo bem visto.
  3. Evite ao máximo dizer coisas como “obviamente”, “evidentemente”, “claramente”, “é óbvio”, “é claro”, “é evidente”, “é trivial”, e por aí vai. Há, sim, casos (muito raros) em que isso se encaixaria até que muito bem, mas evite mesmo assim, pois pode passar uma imagem errada sobre você e sobre seu trabalho.
  4. Sempre que fizer alguma afirmação “forte” (que não seja trivialmente compreendida ou aceita), inclua uma referência.
  5. Ao longo do trabalho, sempre que puder, inclua figuras que ilustrem e auxiliem a compreensão daquilo sobre o que estiver falando. Essas figuras devem ser o mais autoexplicativas possível.
  6. Procure fazer suas próprias figuras (sugiro utilizar o Inkscape), e sempre salve-as como SVG, para que possa editá-las facilmente depois, mantendo-as vetorizadas, além de também salvá-las como PDF para utilizá-las ainda vetorizadas em seu projeto (preferencialmente, em LaTeX).
  7. Atente-se a como ficam suas figuras quando impressas em escala de cinza. Embora muitos atualmente já não façam mais isso, é comum encontrar professores que avaliam o trabalho a partir de versões impressas em escala de cinza. Se sua figura for muito difícil (ou até mesmo impossível) de ser compreendida quando avaliada em escala de cinza, sugiro que tente modificá-la. Esta dica serve também para gráficos de simulações.
  8. Sempre que for mencionar alguma sigla pela primeira vez, escreva também o nome por extenso segundo algum padrão a ser mantido ao longo de todo o trabalho, e lembre-se de incluir a sigla em uma lista de siglas do trabalho. Eu, particularmente, mesmo quando o trabalho é em língua portuguesa, gosto de utilizar as siglas no idioma original, quase sempre em inglês, então eu sigo o padrão “<nome_em_português_em_itálico> (<sigla_maiúscula_em_inglês>, <nome_em_inglês_em_itálico_com_iniciais_maiúsculas>)”, por exemplo: “unidade de processamento gráfico (GPU, Graphics Processing Unit)”, mas você não precisa seguir este mesmo padrão; apenas siga algum padrão conveniente.
  9. Para rodar simulações e plotar gráficos em geral, recomendo utilizar a linguagem de programação Python (que já vem com distros Linux-based, mas também pode ser explorado via Google Colab) com Numpy e Matplotlib, podendo incrementar ainda mais com Scipy e Seaborn; e já aviso que, para essa finalidade, pode ser mais conveniente trabalhar com o auxílio do Jupyter Notebook. Se preferir algo mais parecido com o Matlab, mas não tiver acesso a esse programa, já que é um Software proprietário, você pode utilizar o Octave. Há áreas que se utilizam de outros Softwares específicos; apenas lembrem-se de gerar os gráficos sempre em formatos vetorizados (SVG, EPS ou PDF).
  10. Sempre que rodar suas simulações, além de salvar os gráficos, salvem também os resultados puros (também chamados de “brutos” ou “crus”), porque pode ser necessário plotar novos gráficos com modificações a partir desses mesmos resultados, e nem sempre é fácil gerar tais resultados “do zero” novamente. Ter os dados de forma acessível e organizada ajuda muito.
  11. Evitem a utilização de tabelas se for possível representar seus resultados na forma de gráficos. E procurem escolher bem o tipo de gráfico que melhor exibe o tipo de resultado a ser ali apresentado. Além disso, lembrem-se de procurar incluir informações de erro quando for o caso.
  12. Procure manter todas as referências muito bem organizadas por meio de algum programa de gerenciamento de referências, como o Mendeley. E aqui eu aproveito para mencionar que, embora não haja qualquer obrigatoriedade quanto a isso, alguns professores insistem em pedir que seja utilizado o padrão da ABNT para as referências. No meu caso, gosto muito do padrão que o IEEE segue em suas revistas Transactions, que conta apenas com um número entre colchetes no corpo do texto.
  13. Sempre salve seu trabalho em vários lugares (Google Drive, One Drive, pCloud, Dropbox, e-Mail, Github, entre outros lugares), procurando manter informações sobre a versão em questão. Caso você esteja fazendo o trabalho pelo Overleaf, que é o que eu recomendo, de tempos em tempos, baixe o projeto (compactado) e envie-o para algumas dessas plataformas mencionadas com a finalidade de ter um Backup.
  14. Nunca entregue seu trabalho sem antes ter revisado página por página, atentando-se ao texto, às figuras, às tabelas, aos algoritmos e a qualquer outro elemento.

Com o relatório feito, procure entregar à banca com pelo menos duas semanas de antecedência em relação à data da defesa. Quanto mais próximo da data da defesa, menos tempo os (professores) avaliadores terão para ler e, em geral, menos pacientes e compreensivos serão na avaliação. Assim sendo, evite demorar para entregar o relatório à banca.

Além de enviar a versão digital (em PDF) por e-Mail, sempre procure perguntar aos professores se eles desejam receber uma versão impressa; e, em caso positivo, providencie-a o mais rápido possível, já combinando com o professor o local, a data e o horário de entrega. Compreendo que haja situações em que isso nem sempre seja tão prático, e eu mesmo já antecipo que sou contra qualquer obrigatoriedade de fornecer versões impressas à banca hoje em dia; contudo, é possível que o seu orientador (ou algum membro da banca) não tenha a mesma visão sobre isso. Mas, caso você se veja em uma situação dessas, saiba que talvez você ganhe um benefício com isso, pois, ao receberem versões impressas, é comum que alguns membros da banca prefiram utilizar o próprio trabalho para fazer os apontamentos, e isso pode ser devolvido a você no mesmo dia de sua apresentação; então, quando recolher as versões impressas com os comentários e com os apontamentos da banca, você já terá uma parcela significativa do trabalho corrigida pela banca, o que facilita muito na hora de preparar a versão final, que será entregue para ficar registrada na biblioteca da Universidade.

Apresentação

Sobre a apresentação, lembre-se de que toda a essência do trabalho deve estar ali, e evite utilizar em sua apresentação figuras que não tenham sido utilizadas no relatório. Você terá cerca de 30 minutos para fazer sua apresentação. Dentro desse intervalo de tempo, que precisa ser respeitado, eu recomendo que você procure:

  1. Explicar um pouco sobre a história do que você se propôs a fazer;
  2. Expor o que você pretendia alcançar;
  3. Indicar os passos que seguiu;
  4. Ilustrar os cenários com que trabalhou;
  5. Exibir os resultados que obteve, já discutindo-os;
  6. Listar as conclusões a que chegou;
  7. Encerrar com indicações de trabalhos futuros e agradecimentos.

Além disso, deixarei também algumas dicas extras:

  1. Não faça Slides com fundo escuro, pois nem sempre a combinação de projetor, tela de projeção e iluminação ambiente colabora;
  2. Procure utilizar a menor quantidade de texto possível;
  3. Utilize figuras grandes, autoexplicativas e didáticas;
  4. Prepare a apresentação de modo a permanecer em cada Slide por pelo menos 1 minuto;
  5. Evite utilizar efeitos de transição entre Slides, a não ser que haja muita sutileza e muita noção sobre que estiver sendo feito;
  6. Só utilize um passador de Slides se você estiver confiante sobre o seu manuseio, principalmente quanto ao uso de LASER, pois é horrível quando o aluno fica todo trêmulo em sua apresentação e fica tentando apontar para algo na apresentação, mas tudo o que faz é balançar caoticamente o ponteiro para tudo que é lado sem qualquer sentido;
  7. Durante a apresentação, procure olhar de vez em quando para a tela de projeção para se certificar de que o Slide que você gostaria de exibir é o que está sendo exibido naquele momento, mas não fique apenas olhando para a tela de projeção (ou mesmo para o monitor do computador); vez ou outra, embora não se trate de uma exigência, recomendo que olhe para os membros da banca, pois isso ajuda a transmitir confiança, além de lhe permitir fazer algumas leituras de suas reações conforme forem assistindo à apresentação;
  8. Sempre que possível, leve o que você tiver construído, seja um circuito, uma estrutura, uma antena, um alto-falante, um microfone, um pedal de guitarra etc. E, se você trabalhou apenas com Software, leve o programa em questão e prepare-se para fazer alguma demonstração de uso durante parte da apresentação. Se envolver áudio ou vídeo, prepare-se para reproduzir tais mídias no local, se possível;
  9. Antes de apresentar, ensaie algumas vezes, preferencialmente, apresentando todo o trabalho de forma séria e parecida com a que você apresentará no dia da defesa, mesmo que faça tal ensaio sozinho; contudo, se puder, convide amigos que possam lhe fornecer sugestões, e até mesmo que possam lhe fazer perguntas sobre o trabalho;
  10. Apesar de ser um evento importante e que envolve certo formalismo, recomendo que se vista de maneira confortável;
  11. Ao longo da apresentação, faça breves pausas para beber água (sem gelo e sem gás);
  12. Monitore o tempo com o auxílio de um relógio enquanto estiver apresentando. Não é preciso exagerar no rigor disso neste caso, pois existe alguma flexibilidade, mas tente não exagerar, nem para mais e nem para menos.

Arguição

Logo depois que a sua apresentação tiver sido concluída, começa a etapa de arguição. Cada professor da banca, que, no caso de TG, geralmente é composta de três professores (dois avaliadores e o presidente da banca, que geralmente só se manifesta para garantir o rito da defesa e para algumas formalidades e deliberações), terá um tempo para fazer comentários e lhe fazer perguntas. Exceto pelo caso de alguns malucos — que não é o caso da grande maioria —, as perguntas tendem a ser mais no sentido de tirar algumas dúvidas que permaneceram após terem lido o relatório e terem assistido à apresentação, mas pode haver, sim, algumas perguntas que visem avaliar se o aluno realmente entendeu certos conceitos que podem ter sido explicados de maneira equivocada, ou mesmo que sequer tenham sido explicados em qualquer momento.

É, sim, permitido que o aluno não saiba responder tudo. Assim como é possível que o aluno responda de forma equivocada a um ou outro tópico, desde que não seja algo crítico para o trabalho. Desde que a essência do trabalho esteja suficientemente bem feita, o pior que pode acontecer é a banca criticar algo, ou mesmo fazer alguns comentários que sugiram modificações. Mas não costuma ser esse o caso para a maioria dos alunos. As perguntas costumam ser tranquilas. Caso não saiba responder, a recomendação é que diga que naquele momento você não se lembra, mas que você conversará com seu orientador e fará modificações se assim for necessário. E, caso a banca sugira algo, procure agradecer pelas sugestões, já dando a entender que elas serão acatadas e oportunamente implementadas para a entrega da versão final.

Faça de tudo para não aparentar estar ali com ar de arrogância e soberba, pois, embora isso não seja tão comum quanto alguns de nós pensamos, há professores que gostam de testar as reações do candidato ao ser confrontado pela banca, justamente para saber como ele reage quando alguém discorda do que ele fala, ou mesmo quando faz algum comentário de maneira um pouco menos agradável do que se gostaria. De qualquer maneira, dado que você está sendo avaliado ali, procure ser sempre educado e profissional.

Quando os professores membros da banca encerram suas participações, é comum que o presidente da banca pergunte às demais pessoas que estiverem presentes se alguém gostaria de fazer alguma pergunta ao candidato, mas isso é só uma formalidade. Caso você seja um amigo do candidato que estiver sendo avaliado naquele momento, é recomendável que evite fazer qualquer pergunta naquele instante; isso é mais para ajudar o candidato a evitar estresses desnecessários, mesmo sendo, sim, permitida a sua participação. Se ninguém quiser fazer qualquer pergunta, encerra-se ali a arguição do candidato.

Avaliação

Após encerrada a arguição, os professores pedem licença a todos os que estiverem presentes no recinto para que se retirem momentaneamente enquanto fazem as deliberações. Em geral, o que ocorre ali é uma explicação geral sobre o aluno aos olhos do orientador, que é seguida de possíveis comentários e mais perguntas dos professores avaliadores para sanar algumas dúvidas que possam ter ficado pendentes sobre aspectos comportamentais do candidato, ou sobre pontos mais técnicos do trabalho, ou até mesmo sobre ponderações que o orientador queira fazer junto aos demais membros da banca para auxiliar na avaliação do candidato. Caso haja algo (positivo ou negativo) que o orientador acredite que deva ser mencionado com a finalidade de que isso seja considerado na avaliação a ser feita pela banca, é muito provável que o orientador exponha isso nesse momento. Essa avaliação é feita com base em três partes:

  1. relatório (parte escrita);
  2. apresentação; e
  3. arguição.

Ainda assim, dependendo do que o orientador tiver exposto aos membros da banca durante essa discussão interna, pode ser que haja, sim, um quarto elemento a ser considerado na avaliação, que são as considerações do orientador, o que pode fazer com que o conceito mude. Pode parecer algo errado aos olhos de algumas pessoas, mas este é um ponto muito importante e que penso que deva, sim, estar presente, pois o orientador é um professor que, teoricamente, passou muito tempo trabalhando ao lado do candidato, então é o que possui maiores chances de conhecê-lo de forma muito mais aprofundada do que qualquer relatório, apresentação e arguição poderiam expor. Mesmo tratando-se de três elementos a serem avaliados, há muitos casos em que não se consegue fazer uma intepretação tão adequada sobre a qualidade do trabalho desenvolvido pelo aluno, e os comentários do orientador nessas situações podem ser muito valiosos para sanar diversas dúvidas e para evitar que interpretações equivocadas sobre o candidato possam prejudicar a avaliação.

Após feitas as deliberações da banca, o candidato recebe a resposta final, que é “aprovado” ou “reprovado”, ali na hora mesmo. Caso tenha sido reprovado, terá a oportunidade de tentar novamente no próximo quadrimestre. E, caso tenha sido aprovado, o candidato receberá uma ata com as assinaturas dos membros da banca indicando sua aprovação e o seu conceito final no TG III.

Finalização

Então, após tudo isso, o candidato terá um curto intervalo de tempo para efetuar todas as modificações sugeridas pela banca (e que tenham sido aprovadas pelo orientador), para que, só então, seja entregue o PDF da versão final do trabalho e, finalmente, seja dado por encerrado o TG em sua completude.